O grande poeta Guilherme de Almeida compara a ascensão, fastígio e queda dos impérios em relação ao triunfo eterno de N. S. Jesus Cristo sobre a humanidade.
As três coroas – Guilherme de Almeida
Numa sala de museu, três coroas conversavam. A que era de ouro disse às outras:
Eu pertenci a um rei, e curvei meu rei como uma pluma com o peso bom das minhas jóias tutelares.
Tive um reino a meus pés, com soldados, teares e torres brancas e altas como luas, e searas mais maduras, mais louras que o sol, e navios enormes como os templos de Deus e os palácios dos homens.
Fui tudo. Rica, poderosa, bela... Tive um rei a meus pés e o céu sobre nós dois.
Depois, pesei demais para a cabeça velha do meu rei e cai. Então, puseram-me aqui.
A segunda coroa, a de louros, falou:
Nasci na Grécia, fui o gênio verde que abençoa e inatingível como uma promessa, gesticulei na porta viva do meu loureiro chamando os poetas e os heróis do mundo inteiro. Junto a mim, sobre a copa redonda e alta, eles cantaram e lutaram, estenderam-me os braços e passaram...
O amor passou também com flautas e com danças, e o amor ergueu também seus braços para os meus.
Nem sei qual foi a mão que me colheu, porque logo murchei...
Então a terceira coroa, a coroa de espinhos, disse às outras:
Vivi só, sempre só, escondendo venenos sobre o pó. Mas um dia, enrolaram-me na cabeça de um homem que era belo, bom e puro como o fogo... E sofrendo e sofrendo, ele morreu comigo...
Então fiquei sabendo que eu valho tesouros e tesouros, mais que as coroas de ouro e as coroas de louro, porque eu coroei os reis e os heróis, eu coroei todos os homens, e ainda não murchei...
que sabedoria que Deus deu a esse Homem para tirar em mente essas palavras tão ricas e belas
ResponderExcluirObrigado pelas palavras singelas, Luiz Paulo.
ExcluirMinha mãe declamava esse poema assim:
Excluir“Na sala de um museu, três coroas conversavam...
A primeira, a que era de ouro, disse:
‘Eu pertenci a um rei, e curvei meu rei como uma pluma,
ao peso bom de minhas jóias tutelares.
Tive um reino a meus pés, com soldados, teares,
e torres brancas e altas como luas,
e searas mais maduras, mais louras do que o sol,
e navios enormes como os templos de Deus e os palácios dos homens.
Fui tudo. Rica, poderosa e bela... Tive um rei a meus pés, e o céu sobre nós dois...
Depois, pesei demais sobre a cabeça velha e cansada de meu rei...
E caí. E puseram-me aqui.’
A segunda coroa, a coroa de louros, falou:
‘Nasci na Grécia; fui o gênio verde que abençoa
e, inatingível como uma promessa,
gesticulei na porta viva do meu loureiro,
chamando os poetas e os heróis do mundo inteiro!
Junto a mim, sobre a copa redonda e alta,
Eles cantaram e lutaram, estenderam-me os braços, e passaram...
O amor passou também, com suas flautas e suas danças,
e também o amor ergueu também seus braços para mim.
Nem sei bem qual foi a mão que me colheu, porque logo, murchei...’
A terceira coroa, a que era de espinhos, disse às outras:
‘Eu fui uma urze dos caminhos!
Vivi só, sempre só, escondendo veneno sob o pó.
Mas um dia, puseram-me à cabeça de um homem que era belo como o sol
E puro como o fogo, e branco e bom como a promessa...
E sofrendo, e sofrendo ele morreu comigo!
Só então fiquei sabendo, que eu valia tesouros e tesouros,
Mais do que as coroas de ouro e que as de louro...
Porque eu coroei os reis e todos os heróis do mundo inteiro,
Eu coroei todos os homens,
E ainda não murchei!!!’”
Guilherme de Almeida
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ResponderExcluirDemorei para achar essa poesia na WEB, mas a que a minha mãe declamava tem ainda um complemento na parte referente à coroa de louro, que é assim:
ResponderExcluir"(...)O amor também passou, com flautas e com danças
Com uvas nos chaveiros e rosas nas tranças,
Oferecendo a boca e abrindo os joelhos,
E tatuando, na pele do meu tronco, a data de um encontro, a data de um adeus...
Nem sei qual foi a mão que me colheu, pois logo murchei(...)"
Eu tive um rei e sob o meu rei, reinei.
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